Em 2025, o mercado brasileiro de fusões e aquisições (M&A) vive um momento de retomada e expansão, impulsionado por estratégias de crescimento, inovação e consolidação. Empresas de diferentes setores encontram nas operações uma oportunidade de reconfigurar portfólios, ganhar escala e acessar novas tecnologias.
Fusões e aquisições são processos pelos quais duas ou mais empresas unem forças, combinam ativos ou transferem participações societárias com o objetivo de expandir participação e ganhar competitividade. As operações podem ocorrer através de compra de controle, troca de ações ou incorporação, cada uma com requisitos regulatórios e fiscais próprios.
Na prática, as empresas buscam alinhar sinergias, otimizar recursos e acelerar o desenvolvimento de produtos ou serviços, transformando-se em protagonistas de mercados cada vez mais concorrenciais.
O Brasil registrou cerca de 954 fusões e aquisições até agosto de 2025, um avanço de 13% em relação ao ano anterior e o maior número desde 2008, descontados os efeitos atípicos da pandemia. Até maio, foram movimentados R$ 120 bilhões, e a expectativa é alcançar 1.400 operações até dezembro.
Com US$ 37 bilhões transacionados, o país consolida-se como líder em M&A na América Latina. Empresas nacionais são protagonistas em 77% das operações, reflexo de um capital doméstico forte e de iniciativas estratégicas de grandes grupos locais.
No plano interno, o ambiente interno de juros elevados e o custo de capital elevado pressionam a estrutura de financiamentos alavancados, impactando especialmente operações patrocinadas por fundos de private equity, responsáveis por 30% das transações.
Já no cenário externo, o protecionismo global, as tarifas americanas e tensões geopolíticas reduzem o apetite de investidores estrangeiros pelo Brasil, apesar de o volume de operações com empresas dos Estados Unidos ter crescido 66,7% no primeiro semestre de 2025.
Após a assinatura dos contratos, o maior desafio costuma ser o processo de integração pós-fusão, que envolve alinhamento de sistemas, processos e valores corporativos. Sem um planejamento detalhado, as expectativas de sinergia podem não se concretizar.
Em um dos negócios mais emblemáticos de 2025, a fusão entre BRF e Marfrig resultou na criação da gigante MBRF, agora listada sob o ticker MBRF3 na B3. A operação reforça criação da gigante MBRF como uma das 10 maiores empresas do país, com portfólio diversificado de proteínas e forte presença global.
Enquanto isso, o segmento de tecnologia mantém o ritmo acelerado: foram 320 transações até setembro, seguido pelos setores financeiro e de entretenimento. A combinação entre players brasileiros e norte-americanos segue em alta, refletindo a busca por inovação e expertise internacional.
Fusões e aquisições não transformam apenas o panorama corporativo, mas também têm reflexos diretos na economia real: contribuem para a redução das margens de juros, ao gerar eficiência operacional, e ampliam a disponibilidade de crédito para empresas de menor porte.
Além disso, a concentração de mercado pode pressionar margens em setores regulados, exigindo atenção redobrada das autoridades e dos investidores quanto à governança e à competição.
O movimento de fusões e aquisições no Brasil em 2025 demonstra que empresas estão cada vez mais dispostas a transformação do mercado brasileiro por meio de alianças estratégicas. A combinação entre capital local e expertise internacional promete redesenhar cadeias produtivas e promover inovação contínua.
Para aproveitar as oportunidades, é fundamental investir em due diligence rigorosa, planejamento de integração e governança robusta, garantindo que as sinergias planejadas se traduzam em valor sustentável para acionistas, colaboradores e sociedade.
Referências