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A Transformação Digital no Setor Bancário

A Transformação Digital no Setor Bancário

21/12/2025 - 19:26
Bruno Anderson
A Transformação Digital no Setor Bancário

Nos últimos anos, o setor bancário brasileiro tem se reinventado de forma surpreendente, colocando a tecnologia no centro da experiência e redefinindo a relação com o cliente.

Essa revolução não se restringe a substituir agências físicas por aplicativos: ela reflete uma mudança profunda de mindset, em que as instituições financeiras buscam antecipar necessidades e oferecer serviços cada vez mais conectados ao cotidiano das pessoas.

Contexto Geral e Evolução

A jornada da digitalização bancária no Brasil ganhou ritmo acelerado na última década, impulsionada por inovações tecnológicas, a chegada das fintechs e a regulamentação do Banco Central.

Em 2023, mais de 70% das transações ocorreram por meios digitais, e em 2024/25 o volume atingiu 208,2 bilhões de operações, com o mobile banking consolidado como principal canal de relacionamento.

O aumento da penetração de smartphones, aliado à cultura de conveniência, fez crescer expectativas: os consumidores passaram a exigir serviços financeiros 24 horas, interfaces intuitivas e soluções personalizadas garantidas por segurança robusta.

Investimentos e Orçamento em Tecnologia

Para sustentar essa transformação, os bancos brasileiros dedicaram verbas históricas ao setor de TI. Entre 2021 e 2025, o orçamento saltou de R$ 30,1 bilhões para R$ 47,8 bilhões, um incremento de 58,4%.

  • Orçamento total de TI em 2025: R$ 47,8 bilhões.
  • Crescimento médio anual estimado de 13% até 2025.
  • Verba para IA, analytics e big data com alta de 61%.
  • Investimento em nuvem previsto para expandir em 59%.
  • Profissionais de TI crescem 15% nas instituições.

Essa alocação de recursos demonstra um compromisso estratégico com a inovação e a valorização de governança de dados, além de incentivar uma cultura interna de experimentação e aprendizado rápido.

Tecnologias Disruptivas e Iniciativas-Chave

As principais tecnologias que sustentam a digitalização bancária são:

Inteligência Artificial Generativa: Em 2025, 80% dos bancos já utilizam IA para atendimento, concessão de crédito e gestão de riscos. Chatbots avançados, capazes de entender linguagem natural, resolveram 81% das interações via aplicativos de mensagens, gerando um ganho médio de 11,4% na eficiência e reduzindo custos operacionais.

Open Finance: Embora apenas 6% dos bancos extraíssem grande valor em 2023, 41% preveem ganhos significativos nos próximos anos. Ao explorar dados compartilhados, 79% personalizam produtos e 64% oferecem propostas preditivas, tornando possível entregar soluções sob medida que reforçam a fidelidade do cliente.

PIX, blockchain e tokenização: O PIX é serviço fundamental, responsável por milhões de transações instantâneas diárias. Blockchain e tokenização do real (Drex) avançam: 95% das instituições veem o Drex como oportunidade concreta, 63% consideram contratos inteligentes e 42% ressaltam ganhos em transparência e segurança.

Prioridades Estratégicas

  • Foco na experiência do cliente: conveniência, personalização e autonomia em todos os canais.
  • Eficiência operacional: automação de processos, redução de custos e agilidade.
  • Segurança e cibersegurança: prevenção avançada a fraudes e proteção de dados.

Essas prioridades guiam o planejamento das instituições, que investem em plataformas modulares e APIs abertas para acelerar lançamentos de produtos e responder rapidamente às demandas do mercado.

Desafios e Barreiras

Apesar dos avanços, o setor ainda enfrenta obstáculos estruturais. No Open Finance, apenas uma pequena fração dos bancos extrai valor significativo, em parte pela dificuldade de compreensão do sistema por parte dos usuários e pela necessidade de criar casos de uso mais atraentes.

A coexistência de sistemas legados com novas plataformas digitais impõe riscos operacionais e aumenta custos de manutenção. Menos da metade das instituições prioriza a modernização total, temendo interrupções de serviço.

A área de compliance exige soluções cada vez mais sofisticadas de prevenção à lavagem de dinheiro e fraudes, além de atender a regulações rigorosas. Isso demanda investimentos contínuos em tecnologia e formação de equipes especializadas.

A inclusão financeira permanece um objetivo crítico: mesmo com 82% das instituições oferecendo abertura de contas totalmente digitais, é preciso ampliar a educação financeira e a infraestrutura voltada a populações de baixa renda, reduzindo a desigualdade de acesso.

Cases e Tendências Futuras

O mobile banking se consolidou como centro da experiência financeira. Apps intuitivos e seguros permitem consultar saldo, pagar contas, investir e contratar crédito com poucos toques.

Um exemplo emblemático é o Nubank, que em menos de dez anos conquistou milhões de clientes ao oferecer um app simples e sem tarifas, forçando bancos tradicionais a repensarem seus serviços digitais.

Fintechs seguem impulsionando a competição ao lançarem soluções de crédito digital, antecipação salarial e plataformas de investimentos acessíveis. Sua agilidade e foco no usuário pressionam toda a indústria a acelerar a inovação.

O uso crescente de analytics e predição permite oferecer recomendações financeiras em tempo real, antecipando necessidades e criando ofertas personalizadas que aumentam a satisfação do cliente.

Conclusão

O futuro do setor bancário será fundamentalmente digital e orientado a dados. Inovações em IA generativa, blockchain e Open Finance irão moldar serviços hiperpersonalizados e seguros.

Para aproveitar as oportunidades, bancos e fintechs devem superar desafios de segurança, regulação e sistemas legados, mantendo o foco na inclusão financeira e na educação dos usuários.

Em um cenário de transformação constante, aqueles que combinarem tecnologia de ponta com empatia e foco no cliente estarão preparados para liderar a próxima era da banca, tornando o sistema financeiro mais eficiente, transparente e acessível a todos.

Bruno Anderson

Sobre o Autor: Bruno Anderson

Bruno Anderson