Nos últimos anos, o setor bancário brasileiro tem se reinventado de forma surpreendente, colocando a tecnologia no centro da experiência e redefinindo a relação com o cliente.
Essa revolução não se restringe a substituir agências físicas por aplicativos: ela reflete uma mudança profunda de mindset, em que as instituições financeiras buscam antecipar necessidades e oferecer serviços cada vez mais conectados ao cotidiano das pessoas.
A jornada da digitalização bancária no Brasil ganhou ritmo acelerado na última década, impulsionada por inovações tecnológicas, a chegada das fintechs e a regulamentação do Banco Central.
Em 2023, mais de 70% das transações ocorreram por meios digitais, e em 2024/25 o volume atingiu 208,2 bilhões de operações, com o mobile banking consolidado como principal canal de relacionamento.
O aumento da penetração de smartphones, aliado à cultura de conveniência, fez crescer expectativas: os consumidores passaram a exigir serviços financeiros 24 horas, interfaces intuitivas e soluções personalizadas garantidas por segurança robusta.
Para sustentar essa transformação, os bancos brasileiros dedicaram verbas históricas ao setor de TI. Entre 2021 e 2025, o orçamento saltou de R$ 30,1 bilhões para R$ 47,8 bilhões, um incremento de 58,4%.
Essa alocação de recursos demonstra um compromisso estratégico com a inovação e a valorização de governança de dados, além de incentivar uma cultura interna de experimentação e aprendizado rápido.
As principais tecnologias que sustentam a digitalização bancária são:
Inteligência Artificial Generativa: Em 2025, 80% dos bancos já utilizam IA para atendimento, concessão de crédito e gestão de riscos. Chatbots avançados, capazes de entender linguagem natural, resolveram 81% das interações via aplicativos de mensagens, gerando um ganho médio de 11,4% na eficiência e reduzindo custos operacionais.
Open Finance: Embora apenas 6% dos bancos extraíssem grande valor em 2023, 41% preveem ganhos significativos nos próximos anos. Ao explorar dados compartilhados, 79% personalizam produtos e 64% oferecem propostas preditivas, tornando possível entregar soluções sob medida que reforçam a fidelidade do cliente.
PIX, blockchain e tokenização: O PIX é serviço fundamental, responsável por milhões de transações instantâneas diárias. Blockchain e tokenização do real (Drex) avançam: 95% das instituições veem o Drex como oportunidade concreta, 63% consideram contratos inteligentes e 42% ressaltam ganhos em transparência e segurança.
Essas prioridades guiam o planejamento das instituições, que investem em plataformas modulares e APIs abertas para acelerar lançamentos de produtos e responder rapidamente às demandas do mercado.
Apesar dos avanços, o setor ainda enfrenta obstáculos estruturais. No Open Finance, apenas uma pequena fração dos bancos extrai valor significativo, em parte pela dificuldade de compreensão do sistema por parte dos usuários e pela necessidade de criar casos de uso mais atraentes.
A coexistência de sistemas legados com novas plataformas digitais impõe riscos operacionais e aumenta custos de manutenção. Menos da metade das instituições prioriza a modernização total, temendo interrupções de serviço.
A área de compliance exige soluções cada vez mais sofisticadas de prevenção à lavagem de dinheiro e fraudes, além de atender a regulações rigorosas. Isso demanda investimentos contínuos em tecnologia e formação de equipes especializadas.
A inclusão financeira permanece um objetivo crítico: mesmo com 82% das instituições oferecendo abertura de contas totalmente digitais, é preciso ampliar a educação financeira e a infraestrutura voltada a populações de baixa renda, reduzindo a desigualdade de acesso.
O mobile banking se consolidou como centro da experiência financeira. Apps intuitivos e seguros permitem consultar saldo, pagar contas, investir e contratar crédito com poucos toques.
Um exemplo emblemático é o Nubank, que em menos de dez anos conquistou milhões de clientes ao oferecer um app simples e sem tarifas, forçando bancos tradicionais a repensarem seus serviços digitais.
Fintechs seguem impulsionando a competição ao lançarem soluções de crédito digital, antecipação salarial e plataformas de investimentos acessíveis. Sua agilidade e foco no usuário pressionam toda a indústria a acelerar a inovação.
O uso crescente de analytics e predição permite oferecer recomendações financeiras em tempo real, antecipando necessidades e criando ofertas personalizadas que aumentam a satisfação do cliente.
O futuro do setor bancário será fundamentalmente digital e orientado a dados. Inovações em IA generativa, blockchain e Open Finance irão moldar serviços hiperpersonalizados e seguros.
Para aproveitar as oportunidades, bancos e fintechs devem superar desafios de segurança, regulação e sistemas legados, mantendo o foco na inclusão financeira e na educação dos usuários.
Em um cenário de transformação constante, aqueles que combinarem tecnologia de ponta com empatia e foco no cliente estarão preparados para liderar a próxima era da banca, tornando o sistema financeiro mais eficiente, transparente e acessível a todos.
Referências