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A Importância da Educação Financeira para Todas as Idades

A Importância da Educação Financeira para Todas as Idades

06/12/2025 - 03:52
Giovanni Medeiros
A Importância da Educação Financeira para Todas as Idades

A educação financeira é uma ferramenta poderosa que pode transformar realidades, permitindo decisões conscientes e planejamento sustentável para indivíduos de todas as faixas etárias.

Entendendo a Educação Financeira

Educação financeira vai muito além de aprender a economizar ou controlar gastos. Trata-se de desenvolver competências essenciais de planejamento, estabelecer metas e construir hábitos que garantam segurança econômica ao longo da vida.

As principais competências envolvem:

  • Orçamento familiar e pessoal
  • Poupança e reserva de emergência
  • Investimentos e diversificação de riscos
  • Gerenciamento de dívidas e juros compostos

Dados e Problemas Atuais

O panorama brasileiro revela desafios estruturais. Segundo o ranking global, o Brasil ocupa a 74ª posição entre 144 países em letramento financeiro. Apenas 35% da população demonstra conhecimentos básicos em aritmética financeira.

Levantamentos recentes apontam:

  • 55% dos brasileiros compreendem pouco (40%) ou nada (15%) de educação financeira.
  • 59% não sabem como organizar o orçamento familiar ou pessoal.
  • 64% enfrentaram desequilíbrio financeiro recentemente e adotaram cortes emergenciais.

O endividamento também atinge patamares críticos: 77,8% das famílias estão endividadas, majoritariamente por cartão de crédito (86,8%) e crédito pessoal (9%). Em agosto de 2025, havia 71,7 milhões de pessoas com dívidas em aberto, um aumento de 9,2% em um ano.

Esses números refletem fatores como desemprego, queda de renda, imprevistos e a facilidade de acesso ao crédito sem orientação adequada.

Panorama Estatístico

Educação Financeira em Todas as Idades

Os benefícios da educação financeira se estendem por todas as fases da vida, com necessidades e formatos de abordagem distintos em cada etapa.

Crianças e Jovens

O ensino formal ainda não contempla de forma obrigatória o letramento financeiro, embora projetos de lei [PL 5.950/2023 e PL 1.510/2025] discutam sua inclusão no currículo básico. A ausência desse aprendizado precoce resulta em:

  • 47% dos jovens da Geração Z (18 a 24 anos) sem controle de finanças pessoais.
  • Mais de um terço dos apostadores online entre 16 e 29 anos, evidenciando riscos de endividamento precoce.

Introduzir conceitos práticos, como o uso de caderneta de poupança simulada, jogos financeiros e aplicativos educativos, contribui para desenvolver disciplina no gerenciamento de gastos desde a infância.

Adultos e Idosos

Entre adultos, a cultura de poupança e planejamento para aposentadoria ainda é incipiente. Pesquisa indica que 47% associam educação financeira apenas a controle de orçamento, enquanto apenas 23% pensam em investimentos e 12% consideram a importância de reservar recursos para imprevistos.

Para idosos, o desafio envolve garantir segurança financeira na aposentadoria e lidar com rendas fixas, planos de saúde e despesas médicas crescentes. Planejamento antecipado e cursos voltados para essa faixa etária podem evitar vulnerabilidades.

Iniciativas e Políticas Públicas

A expansão das iniciativas de letramento financeiro no Brasil já apresenta avanços importantes, apesar da redução no número absoluto de projetos: em 2024, foram identificadas 229 iniciativas, contra 526 em 2017.

Aspectos marcantes:

  • 74% das iniciativas são gratuitas, com financiamento privado em 43% dos casos.
  • 55% direcionadas ao público pessoa física, abrangendo todas as faixas de renda.
  • Atuação híbrida: eventos presenciais, cursos online e conteúdo de influenciadores.

Programas governamentais, como o ENEF (Estratégia Nacional de Educação Financeira), em vigor desde 2010, e legislações em tramitação reforçam o compromisso público com a inclusão do tema na educação básica.

O fenômeno dos «finfluencers» nas redes sociais impulsiona a popularização do conteúdo, reunindo mais de 208 milhões de seguidores em contas dedicadas ao tema.

Desafios e Propostas

Apesar dos avanços, persistem barreiras culturais e sociais. A falta de tradição de poupança, a desigualdade de acesso à informação e a exclusão financeira de classes C, D e E exigem estratégias integradas:

  • Parcerias entre setores público, privado e terceiro setor para ampliar o alcance de iniciativas.
  • Conteúdos inclusivos, adaptados a diferentes níveis de escolaridade e realidades regionais.
  • Uso de tecnologia: aplicativos, jogos e plataformas digitais que democratizem o aprendizado.

Além disso, é fundamental implementar programas de capacitação para educadores e influenciadores, garantindo relevância e qualidade nas informações disseminadas.

Conclusão

A educação financeira tem o poder de empoderar indivíduos, reduzir ciclos de endividamento e promover estabilidade econômica. Incorporar esse conhecimento em todas as fases da vida — desde a infância até a terceira idade — representa um investimento social de longo prazo.

Somente com ação coordenada e contínua será possível construir uma sociedade mais consciente e preparada para os desafios financeiros do presente e do futuro.

Giovanni Medeiros

Sobre o Autor: Giovanni Medeiros

Giovanni Medeiros