A educação financeira é uma ferramenta poderosa que pode transformar realidades, permitindo decisões conscientes e planejamento sustentável para indivíduos de todas as faixas etárias.
Educação financeira vai muito além de aprender a economizar ou controlar gastos. Trata-se de desenvolver competências essenciais de planejamento, estabelecer metas e construir hábitos que garantam segurança econômica ao longo da vida.
As principais competências envolvem:
O panorama brasileiro revela desafios estruturais. Segundo o ranking global, o Brasil ocupa a 74ª posição entre 144 países em letramento financeiro. Apenas 35% da população demonstra conhecimentos básicos em aritmética financeira.
Levantamentos recentes apontam:
O endividamento também atinge patamares críticos: 77,8% das famílias estão endividadas, majoritariamente por cartão de crédito (86,8%) e crédito pessoal (9%). Em agosto de 2025, havia 71,7 milhões de pessoas com dívidas em aberto, um aumento de 9,2% em um ano.
Esses números refletem fatores como desemprego, queda de renda, imprevistos e a facilidade de acesso ao crédito sem orientação adequada.
Os benefícios da educação financeira se estendem por todas as fases da vida, com necessidades e formatos de abordagem distintos em cada etapa.
O ensino formal ainda não contempla de forma obrigatória o letramento financeiro, embora projetos de lei [PL 5.950/2023 e PL 1.510/2025] discutam sua inclusão no currículo básico. A ausência desse aprendizado precoce resulta em:
Introduzir conceitos práticos, como o uso de caderneta de poupança simulada, jogos financeiros e aplicativos educativos, contribui para desenvolver disciplina no gerenciamento de gastos desde a infância.
Entre adultos, a cultura de poupança e planejamento para aposentadoria ainda é incipiente. Pesquisa indica que 47% associam educação financeira apenas a controle de orçamento, enquanto apenas 23% pensam em investimentos e 12% consideram a importância de reservar recursos para imprevistos.
Para idosos, o desafio envolve garantir segurança financeira na aposentadoria e lidar com rendas fixas, planos de saúde e despesas médicas crescentes. Planejamento antecipado e cursos voltados para essa faixa etária podem evitar vulnerabilidades.
A expansão das iniciativas de letramento financeiro no Brasil já apresenta avanços importantes, apesar da redução no número absoluto de projetos: em 2024, foram identificadas 229 iniciativas, contra 526 em 2017.
Aspectos marcantes:
Programas governamentais, como o ENEF (Estratégia Nacional de Educação Financeira), em vigor desde 2010, e legislações em tramitação reforçam o compromisso público com a inclusão do tema na educação básica.
O fenômeno dos «finfluencers» nas redes sociais impulsiona a popularização do conteúdo, reunindo mais de 208 milhões de seguidores em contas dedicadas ao tema.
Apesar dos avanços, persistem barreiras culturais e sociais. A falta de tradição de poupança, a desigualdade de acesso à informação e a exclusão financeira de classes C, D e E exigem estratégias integradas:
Além disso, é fundamental implementar programas de capacitação para educadores e influenciadores, garantindo relevância e qualidade nas informações disseminadas.
A educação financeira tem o poder de empoderar indivíduos, reduzir ciclos de endividamento e promover estabilidade econômica. Incorporar esse conhecimento em todas as fases da vida — desde a infância até a terceira idade — representa um investimento social de longo prazo.
Somente com ação coordenada e contínua será possível construir uma sociedade mais consciente e preparada para os desafios financeiros do presente e do futuro.
Referências